Pauleta, uma linguagem diferente...
[ 2006/07/06 01:50 ]
Luis MateusO Portugal-França foi um jogo emotivo, com 45 minutos muito bons e uma atitude mais cínica dos gauleses no segundo tempo. A equipa de Domenech segue para a final, mas, mais uma vez, fica a sensação de que a Selecção Nacional não foi assim tão inferior ao adversário de Munique. Mas houve coisas menos boas, claro...
1. Pauleta foi um jogador a mais no Arena de Munique. Um golo no Mundial - frente ao adversário mais fraco da Selecção - não chega para confirmar o estatuto de grande goleador da Europa. Mais do que a seca de golos, fica a sensação de que o açoriano puxa do lado errado da corda. Não entra na construção e passa invariavelmente ao lado das melhores jogadas. Como não sabe construir, também não sabe como o ataque vai continuar, logo não está no sítio certo. Marcado por bons centrais, é facilmente anulado. Mesmo que o número de golos pelos «AA» imponha respeito, 2002, 2004 e 2006 pesam muito contra. No fundo, Pauleta pensa o futebol de forma diferente.
2. Scolari é demasiado agarrado a um grupo, demasiado agarrado a um onze, demasiado agarrado às rotinas. O mesmo onze não resulta em todos os jogos, contra todos os adversários. As mesmas substituições não produzem sempre o mesmo efeito. Já agora, por que foi Ronaldo jogar para perto de Thuram e Gallas, quando estava a ser o melhor quando andava pelas alas? E, afinal, Nuno Gomes conta ou não?
3. Deco é um jogador muito bom, mas tinha o encontro ideal para se tornar grande. É nestes jogos que os fora-de-série aparecem e decidem. Sim, como Zidane. Felizmente, é apenas a primeira oportunidade.
4. As declarações sobre a arbitragem após o jogo foram infelizes. Portugal não perdeu por culpa do árbitro. No limite, teve menos sorte. Faltou-lhe um detalhe, aí concordo. Mas esse detalhe não foi uruguaio.
5. A França chega à final embalada por Zidane. Mas, mesmo com Brasil e Portugal derrubados no caminho, os «Bleus» continuam a fazer tardar uma revolução urgente. A presença em Berlim pode ter custos muito altos no futuro. Sagnol, Abidal e Malouda são sinais de que nem tudo está bem.
6. A equipa de Domenech não quis nada com o jogo na segunda parte. O cinismo faz cada vez mais parte do futebol. E o futebol é cada vez mais um 0-0 ou um 1-0.
in Mais Futebol
Não concordo com o paragrafo do árbitro, mas em relação ao resto, é ver o meu post anterior...